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  • Info Serrinha e Região

Artigo: As significativas vidas da sarjeta


"Se um ser humano trata a vida animal como um objeto descartável não se pode esperar que a humanidade tenha qualidade de vida e uma vida equilibrada".



Por: Rafael Rodrigo Ferreira de Lima


As chuvas outonais prenunciam o inverno que se aproxima. Alheios, por escolha e sacra ação algorítmica, aos desastres provocados por enchentes em diversos pontos do país, seguimos pensando nas tão esperadas atrações juninas. E depois de uma pandemia, nada de anormal na busca pela rotina de divertimentos.


E é justamente por ter passado por uma pandemia com consequências diversas na política, na vida social e na economia que não se pode continuar mantendo velhos hábitos danosos ou fingindo não ver mazelas terríveis e históricas que se perpetuam livremente, sem qualquer ato de redenção.


Uma dessas mazelas é o abandono e os maus-tratos de animais domesticados que se espalham por todas as cidades e são tratados como uma praga urbana. São tratados assim, mas não o são.


Ao caminhar pela Praça Morena Bela ou ir comer na Praça Luiz Nogueira é possível observar os animais que estão na rua passando frio, fome, calor, maus tratos diversos e somente pouquíssimos indivíduos se importam suficientemente com essas criaturas para tratá-las com o mínimo de decência.


Esses animais são o fruto de uma consciência deturpada de uma sociedade que ignora completamente o próprio bem-estar e a resposabilidade sobre aqueles dependentes. Se existem animais na rua significa que um ser humano o abandonou ou deixou de vê-lo como um ser que possui necessidades urgentes como alimentação, proteção, abrigo e cuidados emocionais. E se um ser humano trata a vida animal como um objeto descartável não se pode esperar que a humanidade tenha qualidade de vida e uma vida equilibrada, haja vista os maus hábitos com esses seres.


Onças pintadas sendo mortas e torturadas, aves sendo contrabandeadas e entrando em extinção, serpentes sendo alocadas fora do seu habitat e toda a fauna silvestre que comove a opinião pública em decorrência dos crimes ambientais estão equiparadas à fauna urbana, figurada principalmente em cães e gatos, que nos cerca e nos assedia com a lembrança de que não estamos sendo suficientemente responsáveis como o nosso meio ambiente.


E soluções absurdas como o assassínio desses seres são tão grotescas que somente uma mente desprovida de qualquer humanidade e responsabilidade socioambiental é capaz de conceber. Soluções reais, exequíveis e simples precisam ser tomadas hoje para que a cidade, qualquer que seja ela, seja considerada sustentável.



Doar ração, incentivar equipamentos para o abrigo desses animais, castração gratuita ou a preço popular, cobrança por alternativas do poder público, acabar com o oferecimento de vidas animais como presentes e valorizar estabelecimentos comerciais que apoiam e ajudam os animais em situação de rua é o mínimo que se precisa fazer. E que deve começar a ser feito.


É fato que o primeiro impacto, para alguns, continuará sendo rechaçar o animal abandonado porque ele não está com o banho em dia ou porque está olhando para o prato. E a mudança dessa postura é justamente o que se necessita e espera de pessoas esclarecidas e/ou em busca da qualidade de vida.


A legislação brasileira protege os animais. A Lei 9605/98 expressa:


Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

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§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.


Se considerar os vieses das mais diferentes religiões, observa-se também que a causa do bem-estar animal está presente, seja expressa em livros tidos sagrados, seja em sermões ou seja em doutrinas.


Portanto, o que se observa é que manter animais em condições degradantes é crime e, mesmo que hoje os animais na rua não sejam de responsabilidade de um determinado indivíduo, é responsabilidade de todos e de cada um - se não aos olhos do legislador, ao menos aos olhos da Deidade a que serve, sendo uma ofensa direta a esta manter essas criaturas nas atuais condições.


Na busca pela sustentabilidade não se pode excluir nenhuma criatura, menos ainda as que se domestica e que serviu, em algum momento, como fonte de defesa, afeto ou companhia.


Rafael Rodrigo Ferreira de Lima é Especialista em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.


** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Info Serrinha



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