Com a aproximação das últimas semanas da Quaresma, uma mudança chama atenção nas igrejas católicas: as imagens de santos e do Cristo crucificado são cobertas com panos roxos. A tradição, presente em muitas comunidades a partir do 5º Domingo da Quaresma ou apenas na Semana Santa, carrega um profundo simbolismo espiritual. O roxo, cor da penitência e da reflexão, convida os fiéis a um tempo de recolhimento e interiorização da fé.
Cobrir as imagens é um gesto que remonta a práticas antigas da Igreja e visa desviar o olhar dos fiéis dos ícones visíveis para direcioná-lo à essência do mistério pascal: a paixão, morte e ressurreição de Jesus. O ambiente mais sóbrio dentro da igreja reforça o convite à introspecção e à vivência mais intensa da espiritualidade nesse período.
Na Quinta-feira Santa, essa simbologia se intensifica. O altar é desnudado e reina o silêncio, lembrando o abandono de Cristo antes de sua crucificação, conforme narrado no Evangelho de João.
Na Sexta-feira Santa, porém, a cruz é revelada para a veneração dos fiéis. É um dos momentos mais comoventes da Semana Santa, quando o Cristo velado se apresenta em sua entrega total.